Sou de uma época na qual surgiram os ecologistas. O primeiro Partido Verde foi formado na Tâsmania, Austrália, em 1972. Era um partido microregional, criado para resolver o transboramanto de um lago, cresceu e ainda hoje é importante no País. Na Alemanha os verdes surgiram em 1980, e foram os pioneiros na Europa.

No surgimento e crescimento dos partidos verdes, os políticos tradicionais diziam que os ecologistas queriam construir edifícios nas nuvens. Aqui no Brasil, nossos políticos logo começaram a vender, e não entregar, esses edifícios. Um exemplo clássico, aqui no Rio de Janeiro, há uma lei que obriga que as sacolas de plástico usadas, sejam feitas de 50% de plástico verde. Sim, o polietileno usado nas sacolas também pode ser feito de etanol. Mas a Braskem, a única empresa que faz polietileno de etanol, produzia na época 10 mil tonelados por ano de polietileno de etanol e 500 mil de petróleo. E não há diferença nos produtos finais! Ou acredita na palavra da Braskem, ou nada para provar ao contrário.

Bem, voltando a novo mundo verde, que já está chegando, precisavam por na vitrine um produto símbolo da nova era verde. E, no mundo, foi escolhido o Hidrogênio Verde. É uma tecnologia antiga, foi teoricamente desenvolvida no final dos 1700 e aplicada comercialmente em 1869. Queimado o hidrogênio produz energia e água. Sem CO2, o inimigo a ser batido. E o Hidrogênio Verde é produzido com energia renovável, maravilha. Pronta, a nova era já tinha um símbolo.

Bem, o Brasil é uma parte do Mundo. E como o Mundo escolheu o Hidrogênio Verde como símbolo da nova modenidade, nossos políticos se apropiaram da idéia, isto é, vamos vender os edíficios dos ecologistas. E no Ceará, estado sem rios, seu rio mais importante, o Jaguaribe, some em épocas de seca, o governo iniciou a campanha que lá, no Ceará é o ‘lugar’ do Hidrogênio Verde. Lá tem muito vento, e muito sol. E assim, eletricidade renovável, eólica e solar, e então seria a fonte brasileira de Hidrogênio Verde. E toma de anunciar ao mundo.

Bem, aí vem o ridículo. Como, o Ceará é terra do Hidrogênio Verde, um deputado mineiro deputado, conhecido pelo nome Zé Vitor, conforme o registro de cadastro de animais do Ministério da Agricultura, propõs um amplo ‘Projeto Verde’ que, apesar de suas idiotices, foi aprovado na Câmara Federal e virará Lei, caso passe no Senado e seja assinado por Lula.

Esse projeto, dá incentivos para a construção de termoeléticas usando como combustível o Hidrogênio Verde. Bem, vamos de realidade, o Hidrogênio Verde é produzido a partir de água e eletricidade. Sai hidrogênio e oxigênio como produtos. Quando junta Hidrogênio Verde queimando com ar, oxigênio e nitrogênio, numa termoelétrica, lógico, produz eletricidade. Mas há uma lei, termodinânica, que diz que é produzida a mesma quantidade de eletricidade usada na decomposição da água. Então o que vemos? Uma termoelétrica produzindo eletricidade para gerar hidrogênio? Uma fábrica de Hidrogênio Verde, alimentando uma termoelétrica para operar? O que sai daí? Água quente, barulho, salários e oxigênio. Ah, tem a eficiência, que não é 100%. Então vai precisar de mais energia elétrica, externa, para produzir o Hidrogênio Verde!

Os ecologistas constroem edíficios na nuvens, os deputados os vendem! O Hidrogênio Verde é bom, mas não isso, para fazer fartilizantes.