O MAL QUE UM MAU TRADUTOR FAZ!

O uso inadequado e excessivo do gerúndio na língua portuguesa, fenômeno frequentemente chamado de “gerundismo,” tem se tornado uma característica notável no teleatendimento e em outras formas de comunicação.

O “gerundismo” é o uso desnecessário do gerúndio para expressar ações futuras, como em “vou estar enviando” em vez de “vou enviar”. Essa prática começou a se popularizar no Brasil com a adoção de métodos de atendimento ao cliente por empresas de call centers que, muitas vezes, importaram essas práticas de empresas americanas. Em inglês, o uso do gerúndio em frases como “I will be sending” é comum e gramaticalmente correto. No entanto, a tradução direta e literal para o português resultou em frases desajeitadas e desnecessariamente complicadas.

Em inglês, a construção “I will be sending” é uma forma contínua do futuro, usada para enfatizar a continuidade ou duração de uma ação futura. No entanto, em português, a forma mais simples e direta “eu vou enviar” é perfeitamente adequada e correta. A tradução literal do inglês para o português não considera as diferenças gramaticais e estilísticas entre as duas línguas.

O teleatendimento, especialmente em serviços de call centers, é um dos maiores culpados pela propagação do gerundismo. A tentativa de traduzir scripts de atendimento diretamente do inglês para o português, sem uma adaptação adequada ao contexto linguístico, resultou na proliferação de frases como “vamos estar verificando” ou “vou estar ligando”. Isso não só soa artificial como também pode causar confusão e desconforto ao cliente.

– Exemplos de Gerundismo e suas Correções

Aqui estão alguns exemplos comuns de gerundismo no teleatendimento e suas formas corretas:

. Gerundismo: “Eu vou estar enviando o documento amanhã.”
. Correção: “Eu vou enviar o documento amanhã.”

. Gerundismo: “Nós vamos estar verificando o seu pedido.”
. Correção: “Nós vamos verificar o seu pedido.”

. Gerundismo: “Ela vai estar entrando em contato com você.”
. Correção: “Ela vai entrar em contato com você.”

O pior é que essas falas se espalharam pelos meios de comunicação modernos, junto com abreviações que ninguém entende. Antigamente escrevia-se Sds para abreviar saudações, ao final de uma mesnsagem escrita. Hoje mandam uma mensagem cheias de abreviações e nenhum Sds no final.