Quando a NASA resolveu terceirizar a exploração do espaço para empresas privadas, logo apareceu Elon Musk com a sua SpaceX, para projetar seus foguetes e naves para ir à Lua e também a Marte.

A Boeing também apareceu e, com sua experiência na indústria aéria, ganhou uma fatia de US$ 4,2 bilhões, para construir seus equipamentos.

O projeto CST-100 Starliner da Boeing, uma iniciativa crucial dentro do programa Commercial Crew da NASA, visa fornecer transporte seguro e eficiente para astronautas até a Estação Espacial Internacional (ISS) e de volta à Terra. Apesar de seu potencial transformador, o Starliner tem enfrentado uma série de desafios técnicos, especialmente relacionados à sua capacidade de acoplar com a ISS e retornar de maneira segura para a Terra. Estes problemas estão diretamente ligados aos sistemas de propulsão da nave, que utilizam hidrazina e tetróxido de nitrogênio (N2O4), pressurizados por hélio.

– Problemas técnicos com o sistema de propulsão no espaço

O Starliner é equipado com motores que usam uma combinação de hidrazina e tetróxido de nitrogênio, um sistema de propulsão comum em espaçonaves devido à sua confiabilidade e eficiência, para uso no espaço, para posicionar a nave, corrigir trajetórias e proporcionara a volta à Terra.

Há quatro motores de hidrazina na nave Starliner, que hoje está acoplada a Estação Espacial. Dois desses motores mostraram fugas de hélio, o gás que impussiona a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio para a câmara de combustão. E assim, de quatro só dois funcionam.

Já no primeiro teste, não tripulado, a Starliner apresentou problemas iguais a esse, além de problemas no software.

Agora, no primeiro vôo tripulado, a nave chegou à Estação Espacial, mesmo apresentando os problemas. Mas a volta, que seria iniciada ontem foi suspensa, e a Boeing está tentando resolver esses problemas.

Se a volta da Starliner não se concretizar, os dois astronautas podem voltar à Terra numa nave da SpaceX, que já está acoplada à Estaçao Espacial.

. Complexidade e Segurança: A hidrazina é um combustível altamente tóxico e instável, enquanto o N2O4 é um oxidante corrosivo e tóxico. O manuseio seguro desses produtos químicos exige procedimentos rigorosos de segurança, tanto em terra quanto durante a operação em órbita.

. Problemas de Pressurização: O sistema de propulsão do Starliner é pressurizado por hélio, essencial para garantir que os combustíveis sejam empurrados para os motores sob as condições de microgravidade. Problemas na pressurização podem afetar a capacidade da nave de realizar manobras de ajuste de rota ou iniciar o processo de retorno à Terra.

– Incidentes e Atrasos

Um dos episódios mais significativos relacionados a esses sistemas ocorreu durante o teste de voo não tripulado, Orbital Flight Test-1 (OFT-1), em dezembro de 2019. Problemas no software e falhas nos sistemas de propulsão impediram a nave de alcançar a órbita necessária para acoplar à ISS. Essas falhas levaram a um reagendamento para um segundo voo de teste (OFT-2), evidenciando a necessidade de revisões profundas no sistema de controle e propulsão.

– Ajustes e Soluções

Em resposta aos desafios enfrentados durante o OFT-1, a Boeing implementou várias mudanças, incluindo:

. Melhorias no Software: A atualização e o teste rigoroso do software para garantir a execução precisa das sequências de comando necessárias para a operação dos motores de propulsão.
. Revisão do Sistema de Propulsão: Inspeções e ajustes nos sistemas de pressurização para resolver problemas de fluxo e pressão, assegurando que a hidrazina e o N2O4 sejam corretamente administrados e controlados.

– Conclusões e Perspectivas Futuras

Os problemas enfrentados pelo Starliner ilustram os desafios inerentes ao desenvolvimento de tecnologias espaciais complexas, particularmente aquelas que envolvem sistemas de propulsão química. Essas dificuldades são ampliadas pelas exigências de segurança e precisão requeridas para missões tripuladas.

Para a Boeing e a NASA, superar esses obstáculos é vital para estabelecer uma alternativa segura e confiável ao transporte de astronautas para a ISS. As lições aprendidas com os problemas do Starliner serão valiosas não apenas para futuras missões deste projeto, mas também para a indústria aeroespacial como um todo, na medida em que continua a explorar e a implementar tecnologias avançadas de propulsão em um ambiente tão desafiador quanto o espaço.