Fundido no Paraguai para a Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870), nele foi utilizado o bronze dos sinos das igrejas paraguaias, recebendo, por isso, as inscrições nos munhões: “da religião ao Estado” e “El Cristiano” (O cristão).

Inicialmente, equipando o Forte de Curupaiti, também serviu para equipar a principal fortificação de Humaitá, a Bateria Londres, de onde foi arremessado para o Rio Paraguai, pelo Exercito de Caxias, quando da rendição da fortaleza em 1868. O “El Cristiano” foi tomado pelos militares brasileiros porque a guarnição de Humaitá havia fugido com Solano Lopez pelo Chaco, deixando para trás um contingente de retaguarda de 3.000 homens que, depois, também abandonou a fortaleza. O “El Cristiano” e outros 180 canhões foram deixados para trás.

É considerado um troféu de guerra, porque o abandono de Humaitá não foi feito por simples vontade das tropas de Solano Lopez, mas por pressão e força das tropas aliadas, situação que enquadra a captura do “El Cristiano” em umas das definições originais da palavra “troféu”, que ficou associada ao “ato de se apoderar dos despojos do inimigo abandonados nos campos de batalha”.

O Governo do Paraguai nunca aceitou “El Cristiano” como um patrimônio brasileiro e, por muitos anos, vem reivindicando a sua devolução, pois a nação paraguaia o considera como um “herói nacional”, já que ele foi peça fundamental na aglutinação de recursos e esforços do povo na guerra e, também, na maior vitória paraguaia da guerra, na Batalha de Curupaiti, quando morreram mais de 9 mil soldados aliados.

A arma foi feita com os sinos das igrejas do Paraguai, os sinos não foram doados, mas requisitados “manu militari”, pelo governo da ditadura de Lopez. Sendo ele uma “arma sagrada”, onde o povo, naquele tempo, alimentou a esperança de que ele fosse “abençoado” ou tivesse alguma “força transcendental” com a capacidade para fazer algum milagre para desequilibrar as forças ao seu favor

A forma externa do canhão é semelhante à dos canhões de Rodman, porém sem seguir os embasamentos teóricos desse cientista. A fundição é de péssima qualidade, sendo porosa nas proximidades da boca, mostrando a pouca densidade do metal.

Apesar das fontes da época chamarem-na de canhão, o “El Cristiano” era um obuseiro, projetado para disparar balas ocas. Seu calibre é de 12 polegadas, ou 305 mm, equivalente a uma bala sólida de 200 libras. Em 1870, na última batalha do conflito, o exercito brasileiro apoderou-se do canhão para considerá-lo como memória da guerra e da vitória do exército brasileiro.

Ficou exposto na parte externa do antigo prédio do Arsenal até a fundação do Museu Histórico Nacional, quando foi incorporado ao acervo desta instituição.

Atualmente o El Cristiano esta exposto no Pátio Epitácio Pessoa do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.