UMA INOCENTE CONDENADA
Ela não era uma traidora nem uma espiã. Mas em 18 de agosto de 1944, ela foi arrastada para a rua, com a cabeça raspada e o filho nos braços – punida por seu amor.
Essa imagem comovente foi capturada pelo lendário fotógrafo de guerra Robert Capa em Chartres, na França, durante a libertação da ocupação nazista. Era Simone Touseau, com apenas 23 anos de idade, exibida em humilhação – acusada de “colaboração horizontal”, ou seja, relações íntimas com um soldado alemão.
Ela carrega em seus braços sua filha, filha desse soldado, testemunha muda da desgraça de sua mãe.
O que aconteceu com Simone não é incomum. Após a Libertação, cerca de 20.000 mulheres francesas foram punidas – muitas sem julgamento, muitas por humilhação pública, algumas por violência. Foi uma vingança disfarçada de justiça – um país lambendo suas feridas ao se voltar contra si mesmo.
Nunca foi provado que Simone ajudou o inimigo. Mas seu relacionamento e a criança que nasceu dele foram suficientes para selar seu destino. Depois daquele dia, ela viveu uma vida de isolamento e sofrimento silencioso, e morreu em 1966, aos 44 anos de idade.
A história se lembra das guerras. Ela geralmente se esquece do que acontece à sombra da vitória.