Friné foi uma famosa hetaira da Grécia Antiga, conhecida por sua beleza e inteligência. As hetairas eram uma classe distinta de cortes que, além de serem extremamente cuidadosas com sua aparência, também se dedicavam ao desenvolvimento intelectual e artístico, algo que as mulheres comuns da época não tinham permissão ou oportunidade de fazer.

Friné se destacou em Atenas não só por sua beleza extraordinária, mas também por sua associação com figuras influentes, como o escultor Praxíteles, que nos apresentou como modelo para suas estátuas de Afrodite. Uma vestida e outra nua. Os residentes de Kos ficaram horrorizados ao ver a segunda escultura, então mantiveram a primeira. Mas seus vizinhos em Cnido não eram tão recatados e ficaram com a deusa despida. A nua sumiu e só existem cópias.

No entanto, o evento mais famoso que envolveu Friné foi o seu julgamento no Areópago, o tribunal supremo de Atenas. Acusada de impiedade, uma ofensa grave na época, ela corre o risco de ser condenada à morte. Seu defensor, o orador Hipérides, fez uma defesa notável. Diz-se que, em um ato desesperado para salvar seu cliente, Hipérides teria despido Friné diante do júri, revelando sua beleza deslumbrante e argumentando que tal perfeição física só poderia ser uma dádiva dos deuses, e não algo impuro. Impressionado com o que viu, o júri acabou absolvendo Friné, feito de que uma mulher tão bela não poderia ser culpada de impiedade.

Este episódio destaca o poder da beleza e da retórica na sociedade ateniense, além de refletir sobre as complexas relações de gênero e o papel das hetairas na cultura grega antiga.