UMA ALIANÇA DE CURTO PRAZO
O episódio do desfile militar conjunto em Brest, em 22 de setembro de 1939, é um marco simbólico e controverso da cooperação temporária entre a Alemanha nazista e a União Soviética no início da Segunda Guerra Mundial, como parte das consequências do Pacto Molotov-Ribbentrop. Este acordo, assinado em agosto de 1939, incluía um protocolo secreto que previa a divisão da Polônia e a demarcação das esferas de influência entre os dois regimes. Assim, enquanto a Alemanha invadiu a Polônia em 1º de setembro de 1939, dando início à guerra, a União Soviética entrou em território polonês pelo leste em 17 de setembro.
A cooperação temporária entre os regimes totalitários foi destacada de forma visível com o desfile conjunto em Brest, capturado pelas câmeras de propagandistas alemães. Essa ação servia para consolidar a aliança tática e intimidar as potências ocidentais, como França e Reino Unido, sugerindo que a União Soviética estava do lado da Alemanha. No entanto, o evento foi minimizado ou distorcido no lado soviético, sendo descrito como uma “marcha solene” ou “procissão cerimonial” para evitar polêmicas internas ou críticas ideológicas sobre a aliança com os nazistas.
Esse curto período de aliança soviético-alemã durou até a invasão alemã da União Soviética, em junho de 1941, na Operação Barbarossa. Antes disso, as duas potências cooperaram na partilha e ocupação da Polônia, que sofreu imensamente sob os dois regimes. Um dos eventos mais sombrios associados a essa ocupação foi o Massacre de Katyn, onde mais de 20 mil prisioneiros de guerra e intelectuais poloneses foram executados pelas forças soviéticas do NKVD na Floresta de Katyn e outros locais em 1940. Durante décadas, a União Soviética negou seu envolvimento nesse crime, atribuindo-o aos nazistas, até que, em 1990, Mikhail Gorbachev, o então líder soviético, finalmente reconheceu a responsabilidade soviética.
Esse período marca a brutalidade com que a Polônia foi dividida e devastada pelas duas maiores potências totalitárias da época, um fardo que ainda pesa sobre as relações históricas entre Polônia, Rússia e Alemanha.