O Encouraçado “Cabral” foi operado pela Armada Imperial Brasileira entre anos de 1866 e 1882. Foi o único navio da Marinha Imperial a ostentar este nome, em homenagem ao navegante português Pedro Álvares Cabral.

A embarcação foi construída no estaleiro da empresa britânica J. and G. Rennie em Greenwich, Inglaterra, e era líder de sua classe, que também contava com o Colombo.

O encouraçado era inteiramente construído de ferro com oito bocas de fogo e deslocava 1050 toneladas.

Era uma época de freqüentes inovações tecnológicas no hemisfério norte e a Guerra Civil Americana trouxe muitas novidades para a guerra naval e, especificamente, para o combate nos rios. Sua influência, logo depois dessa primeira fase de navios de madeira, na Guerra da Tríplice Aliança fez-se sentir,principalmente, com o aparecimento dos navios protegidos por couraça de ferro, projetados para a guerra fluvial, e a mina naval.

Para avançar ao longo do Rio Paraguai, era necessário vencer diversas passagens fortificadas, destacando-se, inicialmente, Curuzu,Curupaiti e Humaitá. Navios oceânicos de calado inapropriado para navegar em rios, de casco de madeira, sem couraça, como os da Força Naval brasileira que combatera em Riachuelo, não teriam

bom êxito. O Brasil necessitou de navios encouraçados para a alcançar a vitória

Após alguns meses de sua chegada ao Brasil, o Cabral foi enviado ao combate na Guerra do Paraguai. O primeiro obstáculo foi a Fortaleza de Curupaiti, que, em conjunto com diversos navios da esquadra imperial, bombardeou intensamente em 2 de fevereiro de 1867. No dia 15 de agosto, o Cabral forçou com sucesso a passagem desse forte, manobra que durou cerca de duas horas. Após essa transposição, em 2 de março de 1868 o encouraçado e o Lima Barros sofreram uma tentativa de abordagem por cerca de 200 paraguaios que estavam em canoas. O Cabral estava prestes a ser tomado por eles, quando o Silvado e o Herval se aproximaram e os desbarataram com seus canhões. No mês de julho, o Cabral participou no bombardeio da Fortaleza de Humaitá, que também transpôs no dia 21.

Em agosto, ultrapassou a Fortaleza do Timbó e, em outubro, a Fortaleza de Angostura.

Nos últimos anos da guerra, o encouraçado já não era mais requisitado e retornou para o Rio de Janeiro, onde passou por obras de reparo. Em 1873, foi designado para a terceira divisão naval, com a missão de patrulhar a costa brasileira entre Mossoró, no Rio Grande do Norte, e os limites com a Guiana Francesa durante conflitos de fronteira com a França na região. Na segunda metade da década de 1870, o navio foi relegado à bateria fluvial devido às suas péssimas condições de navegabilidade. A marinha o descomissionou em 8 de novembro de 1882.