A gargalhada é uma forte arma na prevenção e tratamento de doenças. Também diminui o stress e fortalece as relações

Séculos antes de Cristo já os gregos curavam os males com o humor. Na cidade grega de Atenas havia o santuário de Asclépio, uma espécie de academia que reunia diferentes saberes como a filosofia, arte e a medicina. Os doentes eram aí levados para assistir a espectáculos musicais e peças de teatro. Nesse local havia ainda a Casa dos Comediantes, onde os enfermos se deliciavam com piadas. No século XVI, uma das prescrições mais comuns era ler ou ouvir histórias engraçadas.

Nos seus diários também o filósofo dinamarquês Soren Kierkgaard faz referência a um sonho. Encontrava-se na presença de vários deuses, que lhe ofereciam qualquer dom que desejasse, fosse riqueza, fama ou vida eterna. Mas o seu pedido foi outro. Quis que o riso estivesse sempre a seu lado. A sua escolha simboliza a importância do sentido humor na vida humana. Dúvida? Estudos recentes revelam que por dia um adulto ri 17 vezes. Mais. Alguns investigadores dizem que 100 gargalhadas equivalem a dez minutos numa máquina de remos e 15 minutos de bicicleta.

A realidade é que quando alguém ri a pressão sanguínea baixa, a circulação vascular do sangue eleva-se, seguindo-se um aumento da sua oxigenação. O exercício torna activos o diafragma e os músculos abdominais, respiratórios e faciais. As pernas e as costas entram também em actividade, sendo esta a explicação para as pessoas se sentirem exaustas após um ataque de riso. Mas há mais: umas boas gargalhadas protegem o coração, aliviam o stress, fortalecem o sistema imunológico, facilitam a digestão e limpam os pulmões.

Segundo a revista brasileira Veja um dos seus maiores efeitos é reduzir a libertação de duas hormonas: cortisol e adrenalina.

“Em excesso estas duas substâncias enfraquecem as defesas do organismo e elevam a pressão arterial, criando o cenário para o desenvolvimento de infecções e infarte”.

A mesma fonte refere os benefícios do bom humor citando um estudo de Lee Berk, director do Centro de Neuroimunologia da Universidade de Loma Linda, na Califórnia.

A sua equipe acompanhou durante um ano 100 homens que tiveram um enfarte, monitorizando diariamente a pressão arterial, taxas de adrenalina e as doses de medicamentos. Foram divididos em dois grupos, dos quais um era obrigado a assistir meia hora por dia a uma comédia na televisão. Resultado? “Estes últimos sofreram menos episódios de arritmia, apresentaram redução na pressão arterial e tomaram menos remédios para a angina. A recorrência de enfarte no grupo dos risonhos foi de 8%. No outro, de 42%”.

Não é só na saúde que o humor tem efeito. É igualmente um fator importante no local de trabalho. Muitos investigadores acreditam que rir ajuda a criar e fortalecer as ligações humanas. Mahadev Apte, antropólogo cultural, refere que quantas mais gargalhadas houver maior serão os laços que se criam. Nunca lhe aconteceu começar a rir sem parar? Para este investigador o motivo da epidemia da gargalhada assenta no medo que cada ser humano tem de ser excluído do grupo a que pertence. Será? Bom talvez se aplique para aqueles que riem, mesmo sem achar piada, da anedota que o chefe conta. Mas mesmo que o façam não podem ser condenados. É pela sua saúde!

Segundo Robert Provine, psicólogo americano a epidemia do riso tem outra causa. “Os humanos têm um detector na audição que, ao ouvir o riso, provoca reacções no cérebro, laringe e peito gerando, assim mais gargalhadas.” Por isso, se quer ser bom colega fomenta o bom ambiente, mande mails, faça palhaçadas e divirta-se no local de trabalho. Rir faz bem à saúde.