OBRAS MONUMENTAIS
Construir uma catedral foi uma tarefa gigantesca. Vejamos o caso de Salisbury, na Inglaterra. A primeira pedra foi lançada em 28 de abril de 1220 e as obras terminaram em 1320.
Para a sua construção foram utilizadas cerca de 60 mil toneladas de pedra cinzenta Chilmark apenas para o edifício principal e mais 6.400 toneladas para a torre e pináculo. A isto somam-se 12 mil toneladas de mármore Purbek, utilizadas para levantar os fustes de pedra das colunas internas, ricamente decoradas, e 2.800 toneladas de madeira utilizadas na cobertura; quatrocentas toneladas de chumbo para coberturas e fabricação de canos e ralos que evacuavam águas pluviais, além de dez mil metros quadrados de vidro. Sem falar nas centenas de toneladas de argila e areia com que foi feita a argamassa e no grande volume de tinta utilizada na decoração interior e exterior.
Esta extraordinária quantidade de materiais deu forma ao edifício a partir do projecto e cálculos dos mestres construtores, de cujo génio surgiram as catedrais. No caso de Salisbury, o primeiro parece ter sido o Cônego Elijah de Dereham, a quem é atribuída a planta original do edifício.
Às vezes, os sonhos conflitavam com as possibilidades técnicas disponíveis. O peso chocante da torre e do pináculo fez com que as quatro colunas destinadas a sustentá-las afundassem vinte e três centímetros; o perigo de desabamento foi evitado com a adição de 112 contrafortes de pedra e madeira dentro e fora do edifício.
A catedral francesa de Beauvais, iniciada em 1226, não teve sorte semelhante: em 1282 parte do coro ruiu e em 1573 a cruz cedeu, razão pela qual se decidiu deixar o santuário como estava. Concluídos ou não, estes edifícios prodigiosos são um testemunho do talento e dos imensos desafios que os construtores da arte gótica enfrentaram.