O PONTO DE INTERROGAÇÃO
Na Idade Média, muito antes das máquinas e da imprensa, livros eram copiados à mão por monges nos mosteiros. Nessa época, os sinais de pontuação como conhecemos ainda não existiam. Para indicar que uma frase era uma pergunta, escrevia-se ao final a palavra quaestio, do latim — que significa “pergunta”.
Mas repetir essa palavra inteira era demorado e ocupava espaço precioso nos manuscritos. A solução foi abreviá-la: qo.
Ainda assim, havia um problema — a combinação podia ser confundida com outras abreviaturas em latim.
Foi então que surgiu a genialidade silenciosa dos copistas: sobrepor as letras. O q em cima, o o embaixo. Com o tempo, o q foi se curvando, estilizado como uma espiral incompleta, e o o se reduziu a um ponto.
Assim nasceu o ponto de interrogação — uma pergunta feita símbolo.
Uma curva que se dobra sobre si mesma, como quem hesita.
E um ponto firme, como quem espera uma resposta.