Quando as forças espanholas tomaram Tenochtitlan em 1521, elas não conquistaram apenas uma cidade — elas entraram em um mundo moldado por diferentes medidas de valor. Entre as primeiras maravilhas que eles enviaram notícias estava uma bebida amarga e espumosa feita de cacau. Bernal Díaz a chamou de “a melhor coisa que eles têm para beber”. Outros a associaram à força e resistência de Moctezuma.

Para as culturas mesoamericanas, o cacau era muito mais do que uma bebida. Era moeda, oferenda, remédio, sustento. Ele tinha significado no ritual, no comércio e na própria vida. Cultivado por séculos nas terras ricas em chuvas da atual Guatemala e Belize, ele permaneceu invisível aos olhos europeus — escondido sob o dossel, preso ao estreito cinturão do equador.

Na época em que Lineu o nomeou Theobroma — alimento dos deuses — a Europa já havia incorporado o cacau aos seus próprios sistemas de poder, lucro e desejo. Mas a reverência havia começado muito antes.