CUIDADO, BOMBAS ATÔMICAS PERDIDAS
Quando se fala de armamentos atômicos vem logo a lembrança do enorme poder destruidor deles. Mas e a segurança deles durante o transporte? Sim, essa ameaça já aconteceu.
A ideia de bombas atômicas perdidas na Europa é uma parte assustadora e fascinante da história da Guerra Fria. Esses incidentes, geralmente classificados como “Broken Arrows” (Flechas Quebradas), referem-se a acidentes que envolveram armas nucleares, mas que não resultaram em uma explosão nuclear. Embora muitos desses incidentes sejam documentados em outras regiões, como os Estados Unidos, há relatos significativos de eventos semelhantes que ocorreram na Europa. Vamos explorar dois dos mais notáveis.
– O Incidente de Palomares, Espanha – 1966
Em 17 de janeiro de 1966, um dos mais infames acidentes de “Broken Arrow” ocorreu sobre Palomares, uma vila no sul da Espanha. Um bombardeiro B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos colidiu com um avião de reabastecimento KC-135 durante uma operação de reabastecimento em voo. O B-52 estava carregando quatro bombas de hidrogênio. A colisão resultou na morte de todos os ocupantes do KC-135 e de três dos sete tripulantes do B-52.
O acidente resultou na liberação das quatro bombas de hidrogênio. Duas delas detonaram seus explosivos convencionais por acidente, espalhando contaminação de plutônio na área circundante, mas, felizmente, uma detonação nuclear foi evitada. O governo dos EUA rapidamente se mobilizou para limpar o local com a ajuda do governo espanhol, mas o incidente deixou uma marca duradoura sobre a segurança nuclear e as relações EUA-Espanha.
– O Incidente de Thule, Groenlândia – 1968
Outro acidente grave ocorreu perto da Base Aérea de Thule, na Groenlândia, em 21 de janeiro de 1968. Um bombardeiro B-52 da Força Aérea dos Estados Unidos, carregando quatro bombas nucleares, pegou fogo após um incêndio na cabine e caiu no gelo marinho na Baía de North Star. Apesar das condições extremas, uma operação de recuperação foi montada imediatamente.
Como no incidente de Palomares, as bombas não detonaram nuclearmente, mas a explosão de seus componentes convencionais dispersou material radioativo pela área. A limpeza foi extensa e controversa, gerando preocupações significativas sobre a contaminação ambiental e a saúde das pessoas envolvidas nas operações de recuperação.