Olhe para o véu que o cobre. Dá arrepios, não é? É tão macio e realista que não parece possível que seja feito de mármore. Parece até que a folha está se movendo, como se fosse empurrada por uma leve lufada de vento. Ou de uma respiração. Durante séculos acreditou-se que sua incrível transparência era obra dos poderes de Raimondo De Sangro, que colocou um véu real sobre a estátua, que foi marmorizada por meio de um processo alquímico.

Agora olhe para o corpo de Cristo. Ele está deitado em um colchão de mármore, com os joelhos contraídos, afundados pelo cansaço e pela dor, a cabeça erguida nos travesseiros, os olhos semicerrados. Se você olhar atentamente, verá lágrimas tremendo em suas pálpebras. Toda vez que olho para ela sinto uma sensação de emoção. E vi pessoas chorando e ajoelhadas diante desta estátua. Porque nesta escultura está todo o sofrimento do homem humilhado, espancado e perfurado.

Mas se você observar com mais cuidado, notará um detalhe que muitas pessoas não percebem. No templo de Cristo você verá uma veia que ainda parece pulsar. E olhe para os seus membros. Eles ainda parecem tensos, como se pudessem se mover a qualquer momento. Por que? Porque esta escultura incrível não representa, como muitos acreditam, um homem moribundo que acaba de dar seu último suspiro, mas um homem que está prestes a despertar e respirar um novo fôlego: o do renascimento após a morte!

O Cristo Velado contém uma mensagem de esperança e redenção, é o símbolo do renascimento ao qual a alma, depois de ter passado pelo sofrimento (simbolizado pela Cruz), pode aspirar. E é também por isso que Cristo está velado. O véu esconde os mistérios da existência dos olhos dos vivos. O que é a morte, parece lhe dizer o escultor, senão um véu muito leve, quase impalpável, esperando apenas para ser revelado?