COMO NASCERAM AS FRONTEIRAS NACIONAIS

A ideia de que, até cerca de 1500, o conceito moderno de fronteira não existia, está relacionada à evolução das noções de soberania e territorialidade ao longo da história. Antes dessa época, as fronteiras entre diferentes reinos, impérios e territórios não eram claramente delimitadas como são hoje. Em vez disso, havia zonas de transição, onde o controle de um poder gradualmente se enfraquecia e o de outro começava a prevalecer. Essas zonas não tinham demarcações precisas e frequentemente consistiam em áreas desabitadas ou pouco povoadas, que funcionavam como “zonas de amortecimento” entre diferentes autoridades.

O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 entre Espanha e Portugal, é um marco nesse processo de definição de fronteiras, ao dividir o mundo não europeu entre as duas potências. No entanto, ainda assim, essa divisão era mais uma linha imaginária no Atlântico do que uma fronteira no sentido moderno.

Até o final da Idade Média e início da Idade Moderna, a definição de fronteiras físicas estava mais ligada a barreiras naturais, como rios, montanhas ou desertos. Essas barreiras serviam como limites naturais entre as diferentes áreas de influência, mas não havia uma noção de fronteira como linha fixa, com controle rigoroso sobre quem poderia atravessá-la.

Portanto, o conceito moderno de fronteira, como uma linha precisa e definida, marcada em mapas e rigidamente controlada, é uma construção relativamente recente na história das relações internacionais e da geopolítica. Esse conceito evoluiu ao longo do tempo, especialmente a partir da época dos grandes descobrimentos e dos tratados internacionais como o de Tordesilhas.