A UCRANIANA QUE TEM PRINCÍPIOS
Há quem não se venda.
Há alguns anos, a Grande Mestre de Xadrez Anna Muzychuk tomou uma decisão que abalou o mundo do xadrez. Em apenas alguns dias, ela perderia dois títulos mundiais – não por ter sido derrotada no tabuleiro, mas por se recusar a comprometer seus princípios.
Em 2017, os Campeonatos Mundiais de Xadrez Rápido e Blitz foram realizados na Arábia Saudita, um país onde as mulheres tinham que seguir regras rígidas – incluindo usar uma abaya e ser escoltadas por um guardião masculino em público. Muzychuk, uma das melhores jogadoras de xadrez do mundo, recusou-se a participar nessas condições. Em vez de competir por um prêmio maior do que a maioria dos torneios juntos, optou por se afastar.
“Isto é tudo muito desagradável, mas a parte mais triste é que ninguém parece importar-se”, disse ela na altura. No entanto, a sua decisão enviou uma mensagem poderosa – uma mensagem que ainda hoje ressoa. A sua posição não era apenas sobre o xadrez; era sobre igualdade, dignidade e o direito de competir sem restrições baseadas no gênero.
O tempo passou, mas a escolha de Muzychuk continua a ser um lembrete de que, por vezes, as jogadas mais poderosas não são feitas no tabuleiro de xadrez – mas na vida.