A REGRA SILENCIOSA
Subir o Everest exige força, preparo e coragem. Mas descer já é outra história. Porque lá no alto, meu caro, se você morrer, vira parte da paisagem. Literalmente.
Existe uma regra não escrita entre os alpinistas experientes: morreu na montanha, fica na montanha. Simples assim. O motivo? Resgatar um corpo a quase 9 mil metros de altitude, onde o ar mal entra nos pulmões e o frio congela até o pensamento, é pedir para mais gente morrer tentando.
Quem confirma isso é Bonita Norris, uma das mulheres mais jovens a escalar o Everest. Ela contou que já viu cadáveres pelo caminho e que todos ali entendem: tentar resgatar alguém pode ser fatal. Cada passo na montanha é uma luta entre vida e morte, e a prioridade é sempre voltar vivo.
E não é papo de filme. Mais de 300 corpos permanecem espalhados pela trilha até hoje, e muitos deles servem como ponto de referência para quem passa. O mais conhecido é o famoso Green Boots, um alpinista que acabou virando um tipo de GPS mórbido. Se você passou por ele, está na rota certa… por enquanto.
Pensando em encarar o Everest? Já leve uma plaquinha com “se eu cair, só me empurra pro lado”. Porque ali não tem resgate, não tem cerimônia, e o ego não vale nada. A montanha não perdoa. Ela te transforma em lembrança congelada para assustar o próximo corajoso, ou imprudente, que ousar desafiá-la.