A história de Orban e dos canhões exemplifica um período marcante na história da ciência, tecnologia e guerra. Orban, um engenheiro húngaro, foi pioneiro no desenvolvimento de canhões massivos, conhecidos na época por seu tamanho e poder destrutivo. Inicialmente, ele ofereceu sua invenção ao rei da Hungria, que rejeitou a proposta, alegando que a tecnologia era cara e pouco prática. Sem o apoio húngaro, Orban se dirigiu ao Império Otomano, onde o Sultão Mehmed II, também conhecido como “o Conquistador”, viu o potencial estratégico do projeto.

O Sultão não só aceitou a proposta de Orban, mas também dobrou o valor oferecido, com a advertência de que, caso a arma falhasse, ele pagaria com sua própria vida. Assim, Orban construiu o imponente canhão que desempenharia um papel essencial na conquista de Constantinopla em 1453. Este canhão, conhecido como o “Grande Bombardeio Turco” ou “Grande Berta”, era movido com ajuda de cordas e bois, dada sua enorme dimensão e peso, e disparava projéteis gigantes de pedra contra as muralhas da cidade, revolucionando as técnicas de cerco da época.

A aceitação dessa tecnologia pelo Império Otomano exemplifica o interesse que o Islã teve pela ciência e inovação, especialmente em contextos que pudessem fortalecer o poder militar e expandir o império. Essa inovação bélica só foi possível devido ao desenvolvimento da pólvora, inicialmente inventada na China e disseminada pela Ásia até a Europa e o Oriente Médio. No caso do cerco de Constantinopla, a pólvora e os canhões marcaram o fim da era medieval e o início do uso da artilharia pesada em conflitos, mudando o curso da história das guerras e das civilizações.