A IMPRENSA BRASILEIRA E O GOLPE MILITAR DE 1964
A imprensa brasileira apoiou, algumas com uma maior discrição, o Golpe Militar de 1964. Um dos jornais da época, o Correio da Manhã, sob o comando de Niomar Sodré, de início apoiou o golpe, mas pouco tempo depois, começou a criticar o regime. Custou caro, em 1968 parou de circular.
O Jornal do Brasil, sob o comando da Condessa Pereira Carneiro, apesar de apoiar o golpe, juntamente com o Grupo Folhas, da família Frias, foram lentamente se distanciando do regime. Tanto O Globo, da família Marinho, quanto o Estado de São Paulo, da família Mesquita, foram entusiastas do regime militar, e O Globo até conseguiu uma concessão de TV.
Durante a fase dura da ditadura, a censura comendo soltas, as redações de jornais seguiram caminhos diferentes. O Globo e o Estadão, menos censurados, quando ocorria uma censura, substituiam a matéria, por outra, agradável ao regime . Já o Jornal do Brasil e a Folha ou publicavam uma receita de comida, por exemplo, ou deixavam o espaço em branco. Assim faziam o combate ao regime.
Houve um fato divertido durante essa época. A Condessa Pereira Carneiro, que herdou o título e o jornal do seu marido, foi à Brasília para conseguir uma concessão de TV. Iniciou a conversa com o ditador Medici, explicando ao interlocutor que as críticas do Jornal do Brasil, que eventualmente saiam apesar da censura, eram construtivas. Medici respondeu com toda sinceridade: “O problema é que eu não gosto de críticas, só de elogios”. Pano rápido!
Já na primeira página do O Globo, de 7 de outubro de 1984, foi publicado num artigo que o jornal errou em apoiar “A Revolução”, como os ditadores chamavam o regime instalado, e pediu desculpas aos leitores.