Nessa imagem não há nenhuma pixel vermelho. Depois de observa um tempo, você terá a sensação de que lata é vermelha.

A cor vermelha aparece por dois motivos, o primeiro é o efeito pós-imagem causado pela oposição do vermelho com ciano. O segundo é a expectativa prévia de encontrar vermelho em uma lata desse refrigerante.

Quando seus olhos encaram uma cor intensa como o ciano por alguns segundos, os receptores visuais se saturam.

Ao olhar para um fundo neutro ou continuar observando, seu cérebro compensa essa sobrecarga projetando a cor oposta — nesse caso, o vermelho.

Ou seja, não é a imagem que muda. É o seu cérebro que cria algo que não existe e sua expectativa de encontrar o vermelho confirma rapidamente. Sem a expectativa, a saturação de ciano levaria à impressão de ver o vermelho em um tempo maior.

Agora pense: se isso acontece com uma cor, o que mais sua mente pode estar completando sozinha? A forma como interpretamos o mundo, lembramos de fatos ou formamos opiniões é constantemente influenciada por vieses cognitivos — e muitas vezes, não percebemos.

Na era da inteligência artificial, deepfakes e conteúdos gerados por algoritmos, a nossa confiança no que vemos está sendo constantemente testada.

O desafio não é apenas distinguir o que é real, mas reconhecer quando nossa própria mente está colaborando com a ilusão.

Nem tudo que parece verdadeiro é.

Nem tudo que vemos pode ser confiado.

E talvez o maior risco não seja o que a tecnologia pode inventar — mas o que estamos dispostos a acreditar.