A CORRIDA DA FECUNDAÇÃO
Ao contrário da crença comum de que os espermatozoides “correm” até o óvulo e o mais rápido vence, estudos científicos sugerem um processo muito mais seletivo e biologicamente orquestrado.
Pesquisas nas áreas de biologia reprodutiva e sinalização celular indicam que o óvulo (ou oócito) libera substâncias químicas específicas conhecidas como quimioatraentes.
Essas moléculas são projetadas para atrair os espermatozoides guiando seus movimentos — um processo chamado quimiotaxia.
Um quimioatraente bem estudado é a progesterona, liberada pelas células ao redor do óvulo (chamadas células do cúmulo).Essa substância química não apenas ajuda a guiar os espermatozoides, como também modula os canais de íons de cálcio nas caudas dos espermatozoides, influenciando sua motilidade e direcionando-os ao óvulo.
A implicação é que o óvulo não espera passivamente, mas desempenha um papel ativo na seleção de qual espermatozoide o alcançará, com base em como ele responde a esses sinais.
Além disso, alguns estudos sugerem que os óvulos podem atrair preferencialmente espermatozoides de machos geneticamente compatíveis, potencialmente maximizando a aptidão da prole — uma ideia às vezes chamada de escolha críptica da fêmea no nível dos gametas.
Esse mecanismo explica por que nem todos os espermatozoides chegam ao óvulo e por que simplesmente ser o “mais rápido” pode não ser suficiente se o espermatozoide não responder adequadamente aos sinais químicos do óvulo.