DUAS DIVAS
Nos anos 1950, Ella Fitzgerald não foi autorizada a se apresentar no icônico clube Mocambo porque era negra. Sua amiga, Marilyn Monroe, ligou para o dono do clube e disse que estaria lá todas as noites, sentada na mesa da frente, se permitissem que Ella cantasse. Ele concordou.
O que aconteceu em seguida entrou para a história.
Fiel à sua palavra, Marilyn apareceu noite após noite, envolta em glamour, com todos os olhares voltados para ela. As câmeras a seguiram. A imprensa
cercou o local.
Mas quem roubou a cena foi Ella.
Sua voz atravessou as paredes do clube, silenciando os céticos e hipnotizando até os mais duros corações.
Para Ella, não era apenas um show. Era uma virada de carreira. A apresentação no Mocambo a lançou a um novo patamar de fama, com convites vindo de clubes que antes haviam fechado suas portas para ela. O racismo não desapareceu, mas uma grande barreira rachou naquela noite, sob o peso de duas mulheres imparáveis:
— Uma com uma voz capaz de mover os céus.
— A outra com uma fama forte o suficiente para mudar as regras do jogo.
Anos depois, Ella diria:
“Tenho uma dívida real com Marilyn Monroe… Depois disso, nunca mais precisei tocar em um clube de jazz pequeno.”
Um ato de amizade.
Uma voz que não pôde ser silenciada.
Uma estrela que usou sua luz para iluminar outra.