Hubris. Uma palavra antiga, vinda do grego, que evoca a desmesura — esse excesso de orgulho que transforma, pouco a pouco, aqueles que provam do poder. Refere-se a essa mudança subtil, mas profunda, da personalidade, quando se acede a uma posição de comando e a sombra do poder começa a alterar a lucidez.

Na Grécia antiga, o hubris era percebido como uma ofensa ao mundo, uma transgressão da justa medida: o desprezo temerário pelos outros, o esquecimento da moderação, uma paixão desenfreada, cega, irracional. Uma doença da alma, nascida do orgulho exacerbado.

Aquele que dela sofre chega a acreditar que detém a verdade absoluta na sua área. Abusa da sua posição sem sequer ter consciência disso, cegado pela sua própria imagem, convencido da sua superioridade.

E tu… já observaste, no teu ambiente profissional, um dirigente em proa a pensamentos irreais, delírios de grandeza? Reconheceste no seu comportamento uma postura despótica, caprichos de criança-rei ou ímpetos dignos de um faraó?

Este síndrome é alimentado por uma sede insaciável de reconhecimento, uma dependência do olhar admirativo dos outros. Está intimamente ligado ao transtorno de personalidade narcisista e instala-se insidiosamente naqueles que, durante muito tempo, se mantêm no topo.

Os seus sinais são claros:

– Uma obsessão pela imagem de si

– A utilização da empresa como trampolim para conquistas pessoais

– Uma confiança desmedida e um desprezo acentuado pelas ideias alheias

– Um abuso manifesto do poder nas relações

– Um sentimento constante de superioridade

– Uma encenação grandiosa das suas próprias ações

– Comportamentos impulsivos, por vezes perigosos

– E, acima de tudo… uma total ausência de responsabilidade: não prestam contas a ninguém

O síndrome de Hubris apodera-se daqueles que dirigem durante demasiado tempo sem contrapeso. Faz com que percam o pé, desconecta-os da realidade. E, no seu rasto, deixa climas organizacionais deletérios, equipas desmotivadas e empresas à deriva.