No início dos anos 70, como agora, a ordem do governo era exportar a qualquer custo. Isso levou o Brasil a vender muitos produtos, que iam de café a aço, passando por uma gama considerável de manufaturas e ainda pela construção de pontes e estradas em outros países. Com essa política, não foi muito difícil vender. Mas logo depois, o Brasil descobria que era difícil receber os dólares referentes às vendas financiadas que fazia a países como os da África e até alguns da Europa, como a Polônia.

Os poloneses adquiriam produtos e serviços do Brasil em valores superiores a US$ 6 bilhões de dólares, financiados a curto prazo. Na medida em que os débitos foram vencendo, o então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, percebeu que os poloneses não tinham como honrar seus compromissos com o Brasil.

O máximo que os negociadores brasileiros conseguiram da Polônia foi o pagamento dos débitos por meio de papéis. Não dólares, ou qualquer outra moeda forte, mas papel impresso e assinado pelo governo polonês, uma espécie de nota promissória, comprometendo-se a, um dia, quitar o valor devido.

A imprensa brasileira, que já havia conhecido as “simonetas” – cupons que limitavam o uso do então escasso combustível derivado de petróleo (após o primeiro choque do petróleo) – mas que não chegaram a ser efetivamente lançadas, logo apelidou o papel polonês de “polonetas”, uma espécie de “moeda podre”, que simbolizava o calote polonês.

A dívida veio se arrastando a partir daí, de negociação em negociação. Em 1992, no âmbito do Clube de Paris, o Brasil concordou, juntamente com outros credores da Polônia, entre eles a França e a Itália, em conceder aos poloneses um desconto do valor devido, de 50%. Os créditos brasileiros com a Polônia, caíram, então, para US$ 3,8 bilhões.

Mas quando, ainda no governo Itamar Franco, tendo como Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan o então negociador brasileiro para pagar a dívida externa, descobriu que os títulos poloneses tinham um bom valor de mercado e os negociou pelo valor de face.

Quanto a títulos de dívida pela exportação de produtos para a África e à Cuba, essa dívida continu aberta e houve uma expansão da quantidades de títulos ainda em aberto no governo Lula…