O governo dos Estados Unidos, ao implementar a Lei da Cultura da Madeira no final do século XIX, incentivou uma estratégia interessante para contornar a escassez de madeira e incentivar a ocupação de terras. A lei tinha um propósito duplo: além de dar terras aos colonos que plantassem árvores, ela promovia a recuperação ambiental e o controle da qualidade do solo. Esse incentivo à arborização levou, em particular na Califórnia, ao plantio intensivo de eucaliptos.

O eucalipto foi escolhido por suas características vantajosas: é uma árvore de crescimento rápido, permitindo uma recuperação rápida da madeira, e é eficaz na drenagem de solos pantanosos, o que ajudou a transformar áreas úmidas em terras produtivas. No entanto, essa escolha trouxe um efeito colateral grave: o eucalipto é altamente inflamável. Suas folhas, que caem e acumulam-se ao longo do ano, contêm um óleo que não apenas facilita a combustão, mas também pode fazer as folhas praticamente “explodirem” em dias de muito calor.

Além disso, após incêndios, o eucalipto tem um processo de regeneração que facilita a sua recuperação e sobrevivência. Os botões epicórmicos do tronco — que são estruturas adaptativas do eucalipto — permitem que novos brotos cresçam mesmo após um incêndio, o que contribui para a rápida rebrota dessas árvores. Isso aumenta ainda mais o potencial inflamável da área, mantendo um ciclo onde as plantas se recuperam e o risco de novos incêndios persiste.